Formas dramáticas de solidão
A responsabilidade heteronômica do realismo cardoseano
DOI:
https://doi.org/10.14195/2183-847X_15_2Palavras-chave:
José Cardoso Pires, Realismo, Memória, AlteridadeResumo
O presente artigo parte de elementos localizados na obra De Profundis, Valsa Lenta (1997), de José Cardoso Pires, em especial, da tensão estabelecida entre o momento de escrita do relato pessoal do autor e a experiência da deriva de um eu que se torna outro, bem como das consequências sociais e culturais refletidas por Pires a respeito dessa experiência, para retirar desse momento singular formulações da prosa cardoseana presentes em outras obras do autor, como Jogos de Azar (1963), O Delfim (1968) e Balada da Praia dos Cães (1982). A hipótese apresentada é a de que, ao colocar em cena a experiência singular e coletiva de deriva, a ficção de Cardoso Pires elabora modos de responder não apenas à sua geração de escritores, mas também ao discurso problematizador do realismo, incidente na adesão tanto ao Neorrealismo, quanto ao Surrealismo português. De maneira mais ampla, a prosa cardoseana incide no interior da tradição realista, irritando-a de dentro, ao recolocar em jogo alguns de seus principais dilemas: a inclusão complicadora de figuras da alteridade, a perda de soberania da autoria, seu caráter heteronômico e o problema da responsabilidade do literário.
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Referências
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