AMADEO NA MIRA DE UM NARRADOR DESAPAIXONADO
DOI:
https://doi.org/10.14195/2183-847X_4_10Palavras-chave:
Amadeo, biografia, metalepse, narradorResumo
A tensão entre o autor, inicialmente talhado para fazer uma biografia histórica, e a personagem biografada converte-se num genial ato criador, a várias vozes. Entre elas, ouvem-se os murmúrios de um narrador desapaixonado, ressentido até com a personagem histórica que lhe coube em sorte. Daí que Mário Cláudio projete, quase involuntariamente, Amadeo de Souza Cardoso para um horizonte ficcional, em que a desconfiança e a subjetividade se refinam na subtileza deste olhar magoado, pontuado de ira, que ultrapassa o pacto silencioso de quem reconstitui factos e alinha datas.
Nesse sentido, propomo-nos analisar as feições do narrador que ora observa Amadeo, ora se esconde por detrás das máscaras de Álvaro e de Frederico. Veremos que por entre a Trilogia da Mão, perpassa um olhar multímodo – de desprezo, de ternura e de admiração – que recai sobre o pintor de Manhufe sem complacências, segredando-lhe acusações de sobranceria e arrogância.
Como se processa a figuração da personagem na relação tensional com os seus narradores? Cremos ser possível dar uma resposta a esta questão a partir da derrisão da biografia e da reconfiguração do estatuto relacional biógrafo/biografado, bem como da reequacionação do lugar do narrador de Amadeo.
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