AMOR CEGO E ROMANTISMO NO ROMANCE DE ROUSSEAU JULIE OU LA NOUVELLE HELOÏSE
Blind love, Romanticism, and Rousseauʼs novel Julie ou La Nouvelle Héloïse
DOI:
https://doi.org/10.14195/2183-847X_7_12Palavras-chave:
romance epistolar, Romantismo, obscurité, supplément, olharResumo
Este artigo averigua em que medida o romance epistolar de Rousseau Julie ou la Nouvelle Heloïse modifica o paradigma visual da antropologia do século XVIII, como se pode constatar na ideologia da natureza substancial rousseauniana, ao introduzir uma dinâmica que produz obscurité — uma inatingível dimensão de interioridade. A argumentação conduz à proposta de que as estratégias de ocultação do sujeito, mascarando e transformando a sua negrura/escuridão epistemológica num regime de virtude acutilante, recriam aspetos centrais da mentalidade romântica. O termo obscurité é mostrado como uma dinâmica semântica de “dessubstancialização” originada pela ferida de amor que requer permanentemente o supplément (Coelen, Derrida). A necessidade de subordinação sob o “olhar omnisciente” de Wolmar concretiza um processo de sublimação, no qual a semântica obscura do amor é transferida para áreas legítimas de expansão ontológica, tais como sonhos, memórias, melancolia e mesmo morte sacrificial — verdadeiros precursores do romantismo. Exemplos correlatos, enquadrados no contexto da pintura romântica, ilustram como Rousseau constrói estes fenómenos de limiar como substitutos semânticos (e espectrais) do afeto amoroso
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