A educação diferenciada e a formação de professores que atuam em comunidades caiçaras: ação fundamental para a redução de riscos e desastres

Autores

  • Marina Alves Novaes e Cruz Universidade Federal do Rio de Janeiro, Núcleo de Extensão e Pesquisas em Educação Diferenciada https://orcid.org/0009-0009-7720-1605
  • Leonardo Esteves de Freitas Universidade Federal do Rio de Janeiro, Laboratório de GeoHidroecologia e Gestão de Riscos https://orcid.org/0000-0003-4751-356X
  • Carlos Frederico Bernardo Loureiro niversidade Federal do Rio de Janeiro, Laboratório de Investigações em Educação, Ambiente e Sociedade

DOI:

https://doi.org/10.14195/1647-7723_31-extra1_2

Palavras-chave:

Educação diferenciada, comunidades tradicionais Caiçaras, território, redução de riscos e desastres

Resumo

Em Paraty/RJ, os territórios das comunidades caiçaras são cobiçados pelo capital, o que tem gerado desterritotialização e impactos ambientais. O papel dessas comunidades em redução de riscos e desastres (RRD) pôde ser percebido em 2022, quando ocorreram as maiores chuvas já registradas na região. O número de 23 mortes foi menor que o observado em eventos marcados por chuvas menos intensas. Uma das explicações é que a chuva se concentrou em territórios tradicionais, onde há predomínio de florestas, além da menor densidade de moradias. Garantir a permanência das comunidades caiçaras em seus territórios é trabalhar pela RRD. A permanência passa pela construção de uma Educação Escolar Diferenciada que valorize os modos de vida dessas comunidades e fortaleça sua luta por direitos territoriais. Esse processo é o cerne de um programa de formação docente e reorientação curricular realizado em escolas públicas situadas em comunidades caiçaras. Os resultados têm indicado o fortalecimento da cultura caiçara nas escolas e nas comunidades, favorecendo a luta dessas comunidades pela permanência em seus territórios.

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Publicado

2024-12-06