MARIANA ALCOFORADO, A FREIRA PORTUGUESA: (RE)FIGURAÇÕES DA PERSONAGEM E TRANSFICCIONALIDADE

Autores

  • Paulo Silva Pereira Universidade de Coimbra

DOI:

https://doi.org/10.14195/2183-847X_6_20

Palavras-chave:

Personagem ficcional, transficcionalidade, Mariana Alcoforado, Lettres Portugaises

Resumo

Em 1669 surgia em Paris Lettres Portugaises, coletânea de cartas de amor de Mariana Alcoforado ao Chevalier de Chamilly. Parte do fascínio e do sucesso editorial resultou do mistério que envolvia a sua autoria e da capacidade de inscrever o desejo no tecido textual, fazendo avultar contradições, obsessões e dilemas da experiência amorosa. Desde então, vem despertando profundo interesse, suscitando leituras na fronteira entre realidade e ficção, pelo que o nosso propósito consiste em rastrear no discurso televisivo, cinematográfico e teatral derivas e (re)figurações desse protótipo feminino. Numa certa fase, ganhou relevo o lastro ideológico da transgressão das convenções morais e das normas sociais, pela assunção da sexualidade e pela contestação do regime de clausura. É essa dimensão de resistência que Maricla Boggio aproveitará em La monaca portoghese (1980). Em termos de transposição audiovisual, é de considerar Mariana Alcoforado (1979), de Eduardo Geada, pela relevância dos procedimentos de figuração da personagem e por participar de uma série de produtos televisivos baseados em obras literárias. Em La religieuse portugaise (2009), Eugène Green propõe um diálogo insinuante com a tradição cultural ao apresentar Julie de Hauranne, que vem até Lisboa para participar na rodagem de um filme sobre Mariana, mas que acaba por partir à descoberta de si própria. Já a longa-metragem de B. François-Boucher Les lettres de la religieuse portugaise, apresenta-se como «comédie dramatique historique», numa deambulação entre o horizonte temporal de origem e o limiar do nosso tempo, explorando os meandros da paixão amorosa e o campo da sentimentalidade a partir do feminino, numa linha estética similar à de Ingmar Bergman.

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Biografia Autor

Paulo Silva Pereira, Universidade de Coimbra

Paulo Silva Pereira é Professor Auxiliar do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e membro do Centro de Literatura Portuguesa. Doutorado pela mesma universidade, lecciona nas áreas de Literatura Portuguesa, Estudos Culturais, História e Periodização Literária e tem publicado diversos trabalhos sobre matérias do âmbito renascentista, maneirista e barroco. Entre 2007 e 2009, assegurou a leccionação das cadeiras de Semiologia e de Discurso e Comunicação do curso de Jornalismo (FLUC). É autor de Metamorfoses do espelho. O estatuto do protagonista e a lógica da representação ficcional na trilogia de Rodrigues Lobo (Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2003) e de D. Francisco Manuel de Melo e o modelo do ‘cortesão prudente e discreto’ na cultura barroca peninsular (em preparação, Imprensa Nacional – Casa da Moeda).

Paulo Silva Pereira is Assistant Professor in the Department of Languages, Literatures and Cultures at the Faculty of Arts, University of Coimbra. He is also a member of the Centre for Portuguese Literature. He holds a Ph.D. from the University of Coimbra, and his teaching and research interests include Portuguese Literature, Cultural Studies, and Literary History. His publications address cultural and literary issues in the  Renaissance, Mannerist and Baroque periods. Between 2007 and 2009, he has taught the courses «Semiology» and «Discourse and Communication» in the Jornalism Program of the Faculty of Arts. He is the author of Metamorfoses do espelho. O estatuto do protagonista e a lógica da representação ficcional na trilogia de Rodrigues Lobo (Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2003) and D. Francisco Manuel de Melo e o modelo do ‘cortesão prudente e discreto’ na cultura barroca peninsular (forthcoming, Imprensa Nacional – Casa da Moeda).

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Publicado

2016-03-20

Edição

Secção

Secção Não-Temática