Escrita e Segredo. Correspondência amorosa de uma aristocrata nos primeiros anos da Guerra da Restauração

Autores

  • Ana Cristina Araújo Universidade de Coimbra, CHSC

DOI:

https://doi.org/10.14195/1645-2259_4_4

Resumo

As cartas de amor impõem-se como género literário a partir do Renascimento. Dadas como autênticas, estas não deixavam de comportar uma certa margem de ilusão e falsidade, para os seus autores e leitores.

À margem do olhar literário, a verdadeira correspondência amorosa conserva as marcas do segredo, assinala um processo de enamoramento e evoca um quotidiano ausente, entrevisto apenas por um dos elementos do casal. Assim, as cartas de D. Joana de Vasconcelos de Meneses para o seu marido, em campanha militar no Alentejo, remetem para a tempestuosa conjuntura de inícios da Guerra da Restauração, dão a conhecer inúmeros aspectos curiosos da vida cortesã e respondem à exigência de definição de género, num quadro múltiplo de interacções familiares, sexuais e sociais.

Elemento fundamental de identidade cultural, a correspondência de D. Joana de Vasconcelos e Sousa demonstra que, na mesma época em que desponta a arte da galanteria e do amor galante, algumas mulheres nobres portuguesas gozam de efectiva liberdade em matéria de trocas amorosas e de um real protagonismo social e político, nos bastidores da Corte.

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Publicado

2004-11-30

Edição

Secção

Artigos