O traço mindful e o nível socioemocional dos profissionais de educação

perfil dos participantes portugueses no projeto europeu Hand in Hand

Resumo

A transição global cultural tem provocado alterações profundas no modo de vida e processos sociais. Perante a diversidade cultural, os profissionais de educação têm encontrado inúmeros desafios para trabalhar e ensinar. Em ambientes de aprendizagem desafiantes, a formação socioemocional e de mindfulness podem proteger e reforçar as habilidades dos agentes educativos. O objetivo deste estudo é descrever e relacionar o nível mindfulness e socioemocional de agentes educativos portugueses que trabalham em contextos culturais diversos e desafiantes. Foi aplicada a versão portuguesa do SEC-Q e do FFMQ a 221 profissionais de educação que participaram no programa Hand in Hand. Foram efetuadas análises de correlação de Spearman entre as dimensões e os resultados dos dois questionários, e foram realizadas comparações com variáveis sociodemográficas utilizando o teste Kruskal-Wallis e Mann-Whitney. Os participantes apresentaram um nível socioemocional médio-alto (M=4.0; DP=0.37). Por outro lado, para o traço mindful observaram-se valores mais modestos (M=3.25; DP=0.46), denotando-se dificuldades nos docentes nas dimensões de não reação e não julgamento. A dimensão de descrição do FFMQ apresenta uma relação com o autoconceito do SEC-Q (r=0.477; p<0.01), com o desenvolvimento socioemocional global (r=0.427; p<0.01) e com a dimensão do agir com consciência do FFMQ (r=0,408; p<0,01). Por outro lado, as dimensões de observar e agir com consciência do traço mindful apresentam associações com as dimensões de não reagir (r=0.404; p<0.01) e de não julgar (r=0.436; p<0.01), respetivamente. Os participantes apresentaram níveis socioemocionais positivos. No entanto, os dados sugerem que é necessário aumentar o investimento no desenvolvimento de todas as dimensões mindful, especialmente as dimensões de não julgamento e de não reação.