A ARTE DE FURTAR: EÇA DE QUEIRÓS E A CLEPTOMANIA
DOI:
https://doi.org/10.14195/2183-847X_6_11Palavras-chave:
“Singularidades de uma rapariga loura”, Eça de Queirós, cleptomania, materialidade, comércio, patriarcalismoResumo
Este ensaio analisa um conto importante de José Maria de Eça de Queirós (1845-1900), “Singularidades de uma rapariga loura”, publicado pela primeira vez em 1874. A cleptomania da protagonista desempenha um papel fundamental na história, e é muito mais significativa do que tem sido observado anteriormente pela crítica. Enquanto o seu impulso de roubar serve para desafiar e minar a ordem social, econômica e patriarcal, também funciona como uma técnica meta-narrativa. Através de um foco na materialidade da história, nos objetos roubados, e nas referências simbólicas e metonímicas, este ensaio tenta ligar uma crítica das convenções econômicas e literárias com a estrutura da história. Como Marie-Hélène Piwnik já observou, “Singularidades de uma rapariga loura” tem ecos de uma narrativa curta anteriormente escrita por Balzac, assim como o ambivalente narrador em primeira pessoa parece roubar o conto romântico do protagonista Macário. Esta instabilidade de narradores e autores faz parte da arte de roubar e narrar de Eça, e a cleptomania da Luísa como uma extensão da do próprio autor é, portanto, uma marca de autonomia, criatividade e crítica, uma perturbação revisionista de ordens estabelecidas.
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